quarta-feira, 24 de setembro de 2025

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

segunda-feira, 23 de junho de 2025

A Walk

domingo, 15 de junho de 2025

Like Coconut Water

 

sexta-feira, 13 de junho de 2025

Um unicórnio bebe uma poça de sangue

Um corpo aberto jaz torcido, mutilado por patas nazis. 

De um arbusto surge logo Carlos Moedas que guincha, piscando os olhos: "e a extrema esquerda hein?". De uma tampa de esgoto brota esbaforido Miguel Morgado: "e os eco leninistas hein?"



Um unicórnio bebe uma poça de sangue.


@AlexandSeverus


sexta-feira, 6 de junho de 2025

sexta-feira, 23 de maio de 2025

quinta-feira, 22 de maio de 2025

segunda-feira, 19 de maio de 2025

domingo, 18 de maio de 2025

sexta-feira, 16 de maio de 2025

sexta-feira, 2 de maio de 2025

sábado, 26 de abril de 2025

terça-feira, 25 de março de 2025

segunda-feira, 24 de março de 2025

domingo, 23 de março de 2025

sábado, 22 de março de 2025

quarta-feira, 19 de março de 2025

sexta-feira, 14 de março de 2025

quinta-feira, 13 de março de 2025

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

domingo, 16 de fevereiro de 2025

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

sábado, 25 de janeiro de 2025

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

sábado, 11 de janeiro de 2025

Joan Brossa, TRANSVERSÕES I, poemas reescritos em português por Zetho Cunha Gonçalves, edição Contracapa


 

Composição – Tema: A família (6.º Ano) – aluna: Diana (ficção de Carlos Esperança)

A minha família é composta pelo meu pai, a minha mãe e eu. Quem manda é o meu pai que tem um táxi que não é dele. A minha mãe trabalha em casas de senhoras ricas.

O meu pai é quem fala lá em casa, e manda calar a minha mãe; diz que, quando há um galo, não cantam as galinhas. Ele veio de Coimbra aqui para a Musgueira e trata os clientes e pessoas importantes de quem gosta por doutores. Os clientes gostam – diz o meu pai –, e fala dos doutores, mas às mulheres chama-lhes gajas. Aos homens de que não gosta chama-lhes nomes que a minha mãe diz que não devo dizer nas aulas.

O meu pai diz todos os dias que os políticos são mentirosos e vivem à custa dele, que a política é uma coisa suja, mas quando a minha mãe lhe disse que ele só falava de política, deu-lhe logo uma bofetada e nunca mais foi contrariado.

O meu pai só gosta do Dr. André Ventura; gosta tanto que até diz que o André, só André, sem doutor, vai acabar com os políticos, os ciganos e as eleições. Há um estrangeiro de quem gosta muito, o Dr. Trump, e odeia outro que trata por um nome que não digo, Putin, e chama putinistas aos que não gostam do Dr. Zelenski.

Eu não percebo nada de política, mas oiço o meu pai. Ele agora também passou a gostar do Dr. Elon Musk, creio que é assim que se escreve, eu já o vi na televisão. Deixou de gostar do Dr. Marcelo e passou a chamá-lo só por “o Marcelo, aquele filho de Putin”, mas ao Putin chama-o também filho disso ou coisa parecida.

Não percebo o meu pai; ele diz que as mulheres não podem compreender, quanto mais as garotas. Diz à minha mãe para votar no Chega, e que os partidos deviam ser proibidos. Ele gosta muito do Dr. Mário Machado porque quer acabar com os pretos e os ciganos, e, por bem fazer, às vezes prendem-no. Os juízes ainda são piores do que os políticos.

O meu pai gosta muito do Dr. Trump porque quer expulsar os pretos; o meu pai também não gosta de pretos, e anda desorientado porque o Dr. Trump parece gostar do Putin. Se o Dr. Trump deixar de gostar do Dr. Zelenski o meu pai passa a gostar só do primeiro.

O meu pai anda muito contente porque o Dr. Trump vai ficar com o Canadá e o Canal do Panamá e, se não lhe venderem a Gronelândia, conquista-a. Não é como nós, que não defendemos o nosso Ultramar, infelizmente perdido, e o entregámos aos pretos e aos russos.

O meu pai não gosta da Rússia, diz que a Irmã Lúcia, que agora é santa, disse que todo o mal vem da Rússia e que foi a Senhora de Fátima que lho disse. Portanto, é verdade.

Agora o meu pai anda perdido com a Ucrânia, o Dr. Trump, o Dr. Zelensky, o Dr. Elon Musk e o Putin. Só fala do futuro presidente. Vai votar no Dr. Almirante e ele e o André vão tornar Portugal grande outra vez e acabar com políticos, ciganos, pretos e traidores.

Ele também gosta muito do Dr. Milhazes, do Dr. Rogeiro e do Dr. Botelho Moniz que odeiam o Putin, mas gosta de uma senhora, e é mulher, uma tal Diana Soller, talvez por ter o meu nome, mas como as mulheres não pensam, diz que é o marido que a ensina.


Na próxima composição, esta já vai longa, vou contar outras coisas do meu pai, e tenho de perguntar à minha mãe se as posso dizer aqui na escola da Musgueira.


Diana – 12 anos – Escola C+S da Musgueira.

Close To Me - the cure

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Como se dá a cooptação da Juventude Periférica pela Direita? @MagaMarcela1

 A 2 anos da tentativa de golpe… Num contexto de um Brasil marcado pela desigualdade, o fortalecimento de uma juventude periférica alinhada à direita é um reflexo direto de um projeto hegemônico que se renova nas bordas da sociedade. Como isso tem se dado?

2) É um fenômeno que se assenta, sobretudo, em 04 pilares fundamentais: guerra ideológica, captura cultural pelo discurso meritocrático, precarização da consciência de classe e clerofascismo.

3) A direita, sobretudo em suas versões ultraconservadoras, entende que a periferia não é só um território que fornece “mão de obra barata”, mas um espaço disputado simbolicamente.

4) A narrativa do “empreendedorismo de sobrevivência”, do “cidadão de bem” e da criminalização das lutas populares cria o mito de uma ascensão individual possível, enquanto, na prática, reforça uma subserviência estrutural.

5) O discurso da direita na periferia veste a máscara da ideia de que “qualquer um pode vencer com esforço, amplificada nas redes sociais e nos espaços religiosos. EÉ a falácia do discurso Meritocrático e “do Empoderamento Individual”.

6) Com isso, jovens que vivem na precariedade passam a se ver não como sujeitos coletivos, mas como “empresários de si mesmos”, fortalecendo a “atomização”, o isolamento social e enfraquecendo movimentos de base.

7) A juventude periférica é bombardeada por conteúdos que misturam moralismo, fake news e medo. E isso é um arsenal ideológico que acaba legitimando políticas que mantêm a precariedade como regra.

8) A ausência de políticas públicas no geral e educacionais críticas, de espaços facilitados de construção comunitária faz com que parte dessa juventude seja absorvida pelo discurso punitivista e anti-esquerda, regado por alianças com milícias e também setores da segurança pública.

9) Ou seja, a juventude periférica de direita é o resultado de um projeto de poder que se infiltra onde o Estado e as lutas progressistas não chegam com a devida força ou sem força nenhuma.

10) Não há como entender o fortalecimento da juventude periférica de direita sem denunciar a participação de setores religiosos na propagação de um discurso clerofascista: uma aliança nefasta entre o autoritarismo político e o fundamentalismo religioso.

11) Este movimento, que ocupa os territórios populares sob o disfarce da fé e da caridade, é um dos principais braços da ofensiva ideológica da direita.

12) Algumas igrejas, ou melhor, setores conservadores e neopentecostais, atuam como um “Estado paralelo”, oferecendo serviços básicos onde o Estado é ausente, enquanto reforça uma narrativa moralizante e anticomunista.

13) Prometem salvação individual em troca de obediência ao projeto neoliberal e criminalizam qualquer forma de organização coletiva como “coisa de baderneiro” ou “trabalho do diabo”.

14) Por trás dos sermões sobre “prosperidade”, esconde-se um pacto silencioso com a lógica da exploração capitalista: quem é pobre, dizem, é porque “não teve fé o suficiente”. Assim, “despolitizam” a pobreza, transformando numa suposta falha moral.

15) A juventude periférica é alimentada com um discurso apocalíptico em que o “inimigo” está sempre lá fora: os movimentos sociais são vistos como “agentes do caos”, as pautas de DH como uma “ameaça à família” e os intelectuais críticos como “propagadores do marxismo cultural”. Isso tudo alimentado por líderes religiosos que ocupam o púlpito como verdadeiros generais de guerra cultural.

16) A luta contra o clerofascismo não é uma negação da espiritualidade, mas a reinvenção dela como um espaço de emancipação, não de opressão. (Opressão, inclusive, racista de perseguição à cultura afro, por ex.)

17) E, aliás, é bom lembrar que o clerofascismo é um dos pilares mais poderosos do projeto de direita nas periferias, pois manipula o imaginário popular e, sobretudo, controla corpos e mentes com a promessa de redenção e medo da condenação.

Marcela Magalhães


terça-feira, 7 de janeiro de 2025

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Lou's Tune (feat. Moses Boyd)

Atos de ignorância e intransigência cognitiva, por Major-General Carlos Branco, 02/01/2025

Antecipando uma possível interrupção nos combates que se travam em território ucraniano, após a tomada de posse de Donald Trump, tem vindo a germinar na comunicação social do velho continente a irrealista, inútil e perigosa ideia de colocar forças de manutenção de paz em território ucraniano para monitorizar o cumprimento de um eventual cessar-fogo entre forças russas e ucranianas. A sua apresentação tem-se revestido de algumas variantes, mas todas elas incorporando a premissa de que com Trump na presidência e Washington a preparar-se para abandonar o barco, serão os europeus quem carregará com o fardo do apoio à Ucrânia.


Caso estivéssemos distraídos, o candidato a chanceler alemão Friedriech Merz lembrou-nos que o envio de forças de manutenção da paz europeias para a Ucrânia deve ser coordenado com a Rússia, como se fosse possível ser de outra maneira.


O que fará a próxima Administração americana relativamente à Ucrânia tem sido objeto de abundante especulação. Há soluções para todos os gostos. Se Kiev não estiver disponível para se sentar à mesa das negociações, Trump cessará o apoio à Ucrânia, mas se a indisponibilidade for da parte russa, então o apoio a Kiev continuará incessantemente enquanto for necessário.



quinta-feira, 2 de janeiro de 2025